Os amigos Xisto Siman e João Pinheiro fundaram, em 2000,
o Circovolante, que dá continuidade às artes circenses fora da lona
o Circovolante, que dá continuidade às artes circenses fora da lona
Por Ana Luísa Ruggieri, Marcelo Quintino e Thiago Guimarães
O grupo Circovolante, que reune os palhaços Xinxin e Juaneto, na verdade, os amigos Xisto Siman e João Pinheiro, respectivamente, e também o músico Paulinho Santana, comemora 10 anos e realiza o II Encontro Internacional de Palhaços, em Mariana (MG). O evento começou no último dia 9 e termina no próximo dia 24, com oficinas, workshops e espetáculos de artistas de cinco países e cinco estados brasileiros.
Ano passado, o grupo ganhou o Prêmio FUNARTE Carequinha de Estímulo ao Circo, que apoia financeiramente projetos independentes. Essa premiação foi fundamental para que a equipe conseguisse realizar o II Encontro Internacional de Palhaços.
O Encontro trará artistas da Argentina, Uruguai, Espanha, Grécia e Itália, além de representantes dos estados da Paraíba (João Pessoa), de São Paulo (Campinas), Rio de Janeiro (capital), Espírito Santo (Vitória) e Minas Gerais (Belo Horizonte, Ouro Preto e Mariana). O Circovolante frequenta eventos internacionais realizados no Brasil desde 1998, o que ajudou o grupo a fazer contatos com os palhaços que participarão do II Encontro. De acordo com o grupo, “a ideia também é promover um encontro afetivo de palhaços, no qual possa haver uma troca de experiências”.
História
Xisto e João se conheceram em Governador Valadares há 19 anos e montaram o grupo de humor Stronzo, que atuava na região do Vale do Rio Doce. Em nove anos de existência, se apresentaram em mais de 150 cidades de Minas Gerais.
Em 1995, a sede do grupo foi transferida para Mariana, onde foram convidados para coordenar mostras de teatro. “O grupo Stronzo tinha uma linha de produção muito eficiente e conseguiu levar adiante grandes projetos, inclusive, complexos, apesar das dificuldades enfrentadas em uma cidade do interior”, contam João e Xisto. Em 2000, fundaram o Circovolante.
Segundo eles, o que diferencia o Circovolante de um circo tradicional é “a forma de se organizar em torno do circo”. “Os tradicionais têm a questão da família como base, já o Circovolante surgiu como proposta de agrupar pessoas que não se conhecem e dar continuidade à arte circense”. Outro diferencial, é o fato de a lona não ser, necessariamente, o local de apresentações.
Confira tópicos da entrevista:
Organização
O Circovolante está participando de grupos em nível municipal e regional, como a Rede Cultural de Mariana, criada em outubro de 2009, a fim de promover debates e discussões, além da busca por um diálogo com o poder público na intenção de questionar o apoio preferencial às ações voltadas ao Patrimônio Histórico. De acordo com João Pinheiro, “hoje, falamos de Aleijadinho, não questionando sua obra, mas, daqui a 300 anos, ainda estaremos falando dele. Porém, não existe atenção à cultura em movimento nos dias atuais.”
Preconceito
Os artistas do Circovolante afirmam que já sofreram preconceito com seu trabalho, pois “os artistas rompem as regras com as quais as pessoas estão acostumadas, o que incomoda”. “Mas a função do artista é reverter o senso comum”, pontua Xisto. De acordo com ele, a experiência ajuda a saber lidar com o preconceito. “O trabalho fala pelo artista”, afirma João Pinheiro. Mesmo com as dificuldades, eles concordam. “A recompensa de ser palhaço é a resposta do público, o resultado direto de alegrar as pessoas e o calor da receptividade”.
Imprensa
Para João Pinheiro, a arte circense é pouco abordada na imprensa. O problema é a falta de especificidade dada à arte do artista de rua e do palhaço. “Você não é teatro, não é circo tradicional, então ‘o cara’ não sabe o que falar de você, ele só fala do evento em si e não escreve sobre a arte do palhaço, do artista circense de rua, então a questão fica muito superficial, sem enquadramento”.
Postar um comentário