Em um bate-papo dinâmico e descontraído, o artista circense que comandou a oficina "O Riso In Formação" fala sobre carreira, trabalho e projetos
Por Thalita Neves. Colaboração de João Felipe Lolli
Pedimos licença para entrar no navio do carioca Marcio Libar e bater um papo com o artista, responsável pela realização da oficina “O Riso In Formação”, durante o Circovolante - 2º. Encontro Internacional de Palhaços, em Mariana.
Idealizador e fundador do grupo Teatro de Anônimo (1986) e do evento “Anjos do Picadeiro-Encontro Internacional de Palhaços”, ele também coordenou o “Mundo ao Contrário”, em 2001 e, em 2008, lançou o livro “A Nobre Arte do Palhaço”. Desde então, o capitão passou a situar seu trabalho numa dimensão artística, pedagógica e política.
Nesta entrevista, Libar fala sobre sua carreira, participação no Encontro (oficina e espetáculo solo “O Pregoeiro” ), realidade do circo e seus projetos futuros. O bate-papo aconteceu na sede do Circovolante, em clima descontraído e com o entrevistado bem à vontade.
O ator e diretor Libar tem em seu currículo um longa metragem e quatro curtas, além de prêmios internacionais, como o Especial do Cirque Du Soleil, no Principado de Mônaco, e o Nariz de Prata, no Principado de Monte Carlo, ambos concedidos em 2006. Fazendo arte, ele já percorreu todo o Brasil e outros oito países com sua nau.
Como surgiu a ideia de trabalhar com arte circense?
Desde que eu me entendo por gente eu queria ser artista, na verdade, eu nunca quis trabalhar (risos). Eu sempre achei muito sensacional ser querido por todo mundo. Fui fazendo aquilo que eu mais gostava e, quando vi, já estava no teatro.
Em 2008 você lançou o livro “A Nobre Arte do Palhaço”. Fale um pouco sobre essa obra.
Esse livro pega dos meus 20 aos 40 anos. Tentei escrever como se fosse um romance. Em princípio é autobiográfico apenas para situar o leitor, mas depois se transforma na história de alguém que um dia resolve ser palhaço e se encontra com vários mestres no assunto.
Como você avalia a situação do circo hoje, no Brasil e no exterior?
Hoje em dia, o circo está passando por uma reinvenção. Esse é um movimento internacional que vem acontecendo, na medida em que o circo sai das famílias tradicionais e passa a ser aberto a qualquer pessoa. Atualmente, se ouve falar mais de circo do que antes, acontecem mais encontros de circos, de palhaços, enfim, hoje o circo está muito saudável, caminhando muito bem.
Dá trabalho ser palhaço? Como fica a questão financeira?
É igual a qualquer carreira. É preciso ter vocação, prática e amor pelo que se faz. Normalmente me perguntam se dá pra viver de palhaço; eu respondo que se vive bem em qualquer profissão, basta ser bom. Pra quem é bom sempre tem vaga.
Sobre seu espetáculo solo “O Pregoeiro”, como surgiu essa ideia?
Toda criação artística nasce de coisas que você quer dizer, e foi assim que nasceu “O Pregoeiro” . Foi um momento de muitas mudanças, quando saí do grupo (Teatro de Anônimo), terminei meu casamento de 17 anos, mas, enfim, havia realizado meus sonhos infantis e agora precisava partir para os meus sonhos adultos, e isso significava ter novas escolhas, mesmo que precisasse sair do conforto para obtê-las. A coragem tem o tamanho do medo e eu tive essa coragem. Com isso eu perdi coisas, mas o que eu ganhei valeu à pena.
É mais difícil trabalhar em um espetáculo solo do que em grupo?
Acredito muito no fenômeno coletivo do teatro, mas fazer um espetáculo solo foi muito bom, pois garantiu minha identidade e pude expressar o que eu pensava do mundo. O palhaço tem três momentos, me disse uma vez Chacovachi (palhaço argentino que também participa do Encontro, em Mariana). O primeiro é quando ele aprende a mobilizar o público, fazer rir, e isso demora dez anos. Depois, você passa a colocar seu pensamento, seus valores, sua ética naquilo que faz, passando assim a ser um artista. Por fim, se você consegue comover, você chega a um grau de maestria, e eu consigo comover; por isso, fui convidado a conduzir essa oficina no Encontro.
Você costuma usar a metáfora do “capitão e seus marujos” para ilustrar a maneira como dirige os artistas. Fale um pouco sobre esse seu trabalho como o “capitão” das oficinas.
Nas oficinas eu prezei muito pela união porque cada um tem uma potência, um jeito de fazer arte. Mas, no nosso lema “pirata”, quem fica pra trás é deixado pra trás. O importante é que depois desse ateliê cada artista poderá exibir seu número mesmo que individualmente.
Faça uma avaliação geral dessa experiência no Encontro. Como foi passar por Mariana?
É a sexta vez que eu venho a Mariana e já conhecia o Xisto (Siman, do Circovolante), o João (Pinheiro, do Circovolante) e a Jô (Alves, da Cia. Lunática). Tenho muito respeito por eles e por essas iniciativas. Foi uma experiência profissional verdadeira, eficiente, com nível de qualidade alto. Nessa cidade tão bela e tranquila tive a possibilidade de mostrar que uma cidade do interior pode, sim, ser o centro do mundo, pois você não precisa estar no Rio ou São Paulo para fazer arte.
Para finalizar, conte-nos sobre seus projetos para o futuro. Quais serão seus próximos passos? Você volta pro 3º Encontro ano que vem?
Estou muito focado agora em ir para a televisão. Esse deve ser meu próximo passo. Ter a mídia televisiva a meu favor é o passo que falta. Mas ir para a televisão é apenas a ponta do iceberg, tenho muitos outros projetos em mente. Quanto ao 3º Encontro, se eu for convidado, e tiver tempo, voltarei sim.
Idealizador e fundador do grupo Teatro de Anônimo (1986) e do evento “Anjos do Picadeiro-Encontro Internacional de Palhaços”, ele também coordenou o “Mundo ao Contrário”, em 2001 e, em 2008, lançou o livro “A Nobre Arte do Palhaço”. Desde então, o capitão passou a situar seu trabalho numa dimensão artística, pedagógica e política.
Nesta entrevista, Libar fala sobre sua carreira, participação no Encontro (oficina e espetáculo solo “O Pregoeiro” ), realidade do circo e seus projetos futuros. O bate-papo aconteceu na sede do Circovolante, em clima descontraído e com o entrevistado bem à vontade.
O ator e diretor Libar tem em seu currículo um longa metragem e quatro curtas, além de prêmios internacionais, como o Especial do Cirque Du Soleil, no Principado de Mônaco, e o Nariz de Prata, no Principado de Monte Carlo, ambos concedidos em 2006. Fazendo arte, ele já percorreu todo o Brasil e outros oito países com sua nau.
Como surgiu a ideia de trabalhar com arte circense?
Desde que eu me entendo por gente eu queria ser artista, na verdade, eu nunca quis trabalhar (risos). Eu sempre achei muito sensacional ser querido por todo mundo. Fui fazendo aquilo que eu mais gostava e, quando vi, já estava no teatro.
Em 2008 você lançou o livro “A Nobre Arte do Palhaço”. Fale um pouco sobre essa obra.
Esse livro pega dos meus 20 aos 40 anos. Tentei escrever como se fosse um romance. Em princípio é autobiográfico apenas para situar o leitor, mas depois se transforma na história de alguém que um dia resolve ser palhaço e se encontra com vários mestres no assunto.
Como você avalia a situação do circo hoje, no Brasil e no exterior?
Hoje em dia, o circo está passando por uma reinvenção. Esse é um movimento internacional que vem acontecendo, na medida em que o circo sai das famílias tradicionais e passa a ser aberto a qualquer pessoa. Atualmente, se ouve falar mais de circo do que antes, acontecem mais encontros de circos, de palhaços, enfim, hoje o circo está muito saudável, caminhando muito bem.
Dá trabalho ser palhaço? Como fica a questão financeira?
É igual a qualquer carreira. É preciso ter vocação, prática e amor pelo que se faz. Normalmente me perguntam se dá pra viver de palhaço; eu respondo que se vive bem em qualquer profissão, basta ser bom. Pra quem é bom sempre tem vaga.
Sobre seu espetáculo solo “O Pregoeiro”, como surgiu essa ideia?
Toda criação artística nasce de coisas que você quer dizer, e foi assim que nasceu “O Pregoeiro” . Foi um momento de muitas mudanças, quando saí do grupo (Teatro de Anônimo), terminei meu casamento de 17 anos, mas, enfim, havia realizado meus sonhos infantis e agora precisava partir para os meus sonhos adultos, e isso significava ter novas escolhas, mesmo que precisasse sair do conforto para obtê-las. A coragem tem o tamanho do medo e eu tive essa coragem. Com isso eu perdi coisas, mas o que eu ganhei valeu à pena.
É mais difícil trabalhar em um espetáculo solo do que em grupo?
Acredito muito no fenômeno coletivo do teatro, mas fazer um espetáculo solo foi muito bom, pois garantiu minha identidade e pude expressar o que eu pensava do mundo. O palhaço tem três momentos, me disse uma vez Chacovachi (palhaço argentino que também participa do Encontro, em Mariana). O primeiro é quando ele aprende a mobilizar o público, fazer rir, e isso demora dez anos. Depois, você passa a colocar seu pensamento, seus valores, sua ética naquilo que faz, passando assim a ser um artista. Por fim, se você consegue comover, você chega a um grau de maestria, e eu consigo comover; por isso, fui convidado a conduzir essa oficina no Encontro.
Você costuma usar a metáfora do “capitão e seus marujos” para ilustrar a maneira como dirige os artistas. Fale um pouco sobre esse seu trabalho como o “capitão” das oficinas.
Nas oficinas eu prezei muito pela união porque cada um tem uma potência, um jeito de fazer arte. Mas, no nosso lema “pirata”, quem fica pra trás é deixado pra trás. O importante é que depois desse ateliê cada artista poderá exibir seu número mesmo que individualmente.
Faça uma avaliação geral dessa experiência no Encontro. Como foi passar por Mariana?
É a sexta vez que eu venho a Mariana e já conhecia o Xisto (Siman, do Circovolante), o João (Pinheiro, do Circovolante) e a Jô (Alves, da Cia. Lunática). Tenho muito respeito por eles e por essas iniciativas. Foi uma experiência profissional verdadeira, eficiente, com nível de qualidade alto. Nessa cidade tão bela e tranquila tive a possibilidade de mostrar que uma cidade do interior pode, sim, ser o centro do mundo, pois você não precisa estar no Rio ou São Paulo para fazer arte.
Para finalizar, conte-nos sobre seus projetos para o futuro. Quais serão seus próximos passos? Você volta pro 3º Encontro ano que vem?
Estou muito focado agora em ir para a televisão. Esse deve ser meu próximo passo. Ter a mídia televisiva a meu favor é o passo que falta. Mas ir para a televisão é apenas a ponta do iceberg, tenho muitos outros projetos em mente. Quanto ao 3º Encontro, se eu for convidado, e tiver tempo, voltarei sim.
Fantástica entrevista com Marcio Libar.
Abç...Waleska Frota.